Ofensa de Guedes escancara projeto de desmonte dos serviços públicos

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
20200212_parasitalatuffcorte

O ministro da Economia Paulo
Guedes chamou os servidores públicos de “parasitas” na última sexta-feira (7).
A ofensa ocorreu durante uma palestra no Rio de Janeiro, na qual Guedes defendeu
a Reforma Administrativa que será enviada ao Congresso e que prevê medidas como o congelamento de salários e o fim do direito à estabilidade.

Com a declaração, Guedes fez mais
do que ofender as trabalhadoras e trabalhadores que atendem a população nos espaços públicos como hospitais, unidades básicas de saúde, escolas e
creches. O ministro lançou mão de uma estratégia que incentiva o ódio e tenta criar
o imaginário de que os servidores são um inimigo a ser exterminado.

A agressão do ministro gerou
repercussão negativa por causa do tom ofensivo e por se assemelhar às táticas
de propaganda nazista, que também comparou judeus a parasitas.

Depois da reação negativa, Paulo
Guedes divulgou um pedido de desculpas e disse que se expressou “muito mal”. O
pedido de desculpa, entretanto, não significa que o ministro Paulo Guedes e o
governo Bolsonaro voltaram atrás no seu projeto de desmonte dos serviços
públicos.
Ofensas e mentiras fazem parte da estratégia do governo para tentar jogar a população contra os servidores e
assim facilitar a privatização dos serviços públicos.

O que está por trás da
comparação com “parasita”

A ofensa de Paulo Guedes aos
servidores públicos é só a ponta visível do “iceberg” e não pode ser
compreendida como um deslize pontual, pois faz parte de uma estratégia de
desmonte do serviço público.
Chamam o servidor público de “parasita” ou
“privilegiado” – da mesma forma que Fernando Collor de Melo fez com a palavra “marajás”
antes do impeachment –, para tentar diminuir o apoio da população à luta em
defesa dos serviços públicos.#@txt1239@#

Tramita no Congresso Nacional
uma série de propostas de mudança na Constituição Federal que, entre outras
medidas, propõe o fim do direito à estabilidade, congela os crescimentos na
carreira e permite reduzir salários com a redução da jornada de trabalho. É o
caso da Proposta de Emenda Constitucional 186/2019, apelidada de “PEC
Emergencial”
e da PEC 188/2019, apelidada de “Pacto Federativo”, que foram
apresentadas pelo governo Bolsonaro em novembro – além da PEC 438/2018, da
“Redução Salarial”
.

Além dessas medidas, o governo
pretende enviar ao Congresso a chamada Reforma Administrativa, que prevê o fim
do direito à estabilidade, a redução dos pisos salariais, extinção de carreiras
e a redução de postos de trabalho.

Dois pesos e duas medidas

As PECs 186/2019 e 188/2019, apresentadas pelo governo
Bolsonaro em novembro, não atingem os
servidores públicos que ganham os maiores salários, como a cúpula do
Judiciário, do Ministério Público e das Forças Armadas. Além disso, a Reforma da Previdência
dos militares sancionada pelo presidente prevê aumento de salários e
gratificações.

Isso deixa claro que a intenção do governo não é combater
privilégios.
Atacam os servidores que atendem diretamente a população porque querem
privatizar os serviços públicos e abrir um mercado lucrativo para os empresários dos planos de saúde, dos fundos de
pensão e da educação privada.

Mentira sobre o orçamento

Paulo Guedes usou informações
erradas sobre a folha de pagamento do funcionalismo público na mesma palestra
em que chamou os servidores de “parasitas”.
Na ocasião, disse que a União “gasta 90% da receita toda com salário”,
o que é uma mentira.

Na verdade, a folha de pagamento
dos servidores federais somou 39,47% da receita líquida. O percentual está 10%
abaixo do limite previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal na esfera federal,
que é de 50%.

O prefeito Rafael Greca usou uma
estratégia semelhante durante o anúncio do último reajuste pago aos servidores
municipais de Curitiba.
Na ocasião, disse que o índice de 3,5% era o máximo que
poderia aplicar “sem comprometer a responsabilidade fiscal do município”. Em
Curitiba, os gastos com pessoal somam 44,13% e o limite prudencial previsto
pela Lei de Responsabilidade Fiscal é 51,30% da receita líquida.

Posts Relacionados