Sojourner Truth, mulher negra, feminista e abolicionista

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20200309_truth

“Não sou uma mulher?

Aquele homem ali diz que é preciso
ajudar as mulheres a subir numa carruagem, é preciso carregar elas quando
atravessam um lamaçal e elas devem ocupar sempre os melhores lugares. Nunca
ninguém me ajuda a subir numa carruagem, a passar por cima da lama ou me cede o
melhor lugar! E não sou uma mulher? Olhem para mim! Olhem para meu braço! Eu
capinei, eu plantei juntei palha nos celeiros e homem nenhum conseguiu me
superar! E não sou uma mulher? Eu consegui trabalhar e comer tanto quanto um homem
– quando tinha o que comer – e também aguentei as chicotadas! E não sou mulher?
Pari cinco filhos e a maioria deles foi vendida como escravos. Quando
manifestei minha dor de mãe, ninguém, a não ser Jesus, me ouviu! E não sou uma
mulher?

E daí eles falam sobre aquela coisa que tem na
cabeça, como é mesmo que chamam? (uma pessoa da platéia murmura: “intelecto”).
É isto aí, meu bem. O que é que isto tem a ver com os direitos das mulheres ou
os direitos dos negros? Se minha caneca não está cheia nem pela metade e se sua
caneca está quase toda cheia, não seria mesquinho de sua parte não completar
minha medida?

Então aquele homenzinho vestido de preto diz que
as mulheres não podem ter tantos direitos quanto os homens porque Cristo não
era mulher! Mas de onde é que vem seu Cristo? De onde foi que Cristo veio? De
Deus e de uma mulher! O homem não teve nada a ver com Ele.

Se a primeira mulher que Deus criou foi
suficientemente forte para, sozinha, virar o mundo de cabeça para baixo, então
todas as mulheres, juntas, conseguirão mudar a situação e pôr novamente o mundo
de cabeça para cima! E agora elas estão pedindo para fazer isto. É melhor que
os homens não se metam. Obrigada por me ouvir e agora a velha Sojourner não tem
muito mais coisas para dizer.

Trecho de discurso proferido por
Sojourner Truth na Convenção pelos Direitos
das Mulheres em Akron, Ohio, em 1851.

Sojourner Truth foi o nome adotado
por Isabella Baumfree, mulher negra
feminista, abolicionista e defensora dos direitos das mulheres.

Com o discurso, Truth
iniciava a crítica à invisibilidade da mulher negra até mesmo dentro do
movimento feminista.
Apesar de mais de quase 200 anos terem se passado desde o
discurso de Truth, ainda é bastante dura a realidade enfrentada pelas mulheres
negras.
São elas as maiores vítimas do feminicídio e das agressões e também são
as que recebem os menores salários.

Truth nasceu em 1797 no cativeiro em
Swartekill, Nova York, e faleceu em 1883, em Battle Creek, Michigan.

Ao longo do mês de março, vamos
contar a história de algumas mulheres que foram fundamentais para a construção
da nossa história coletiva enquanto mulheres. Confira!

Com informação do Geledés – Instituto da Mulher Negra

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