Pronunciamento irresponsável de Bolsonaro coloca vidas em risco

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20200325_bolsonaro

Em mais
um momento de fuga da realidade, Bolsonaro fez um discurso revoltante na noite da
última terça-feira (24), recheado de mentiras e irresponsabilidade.

Cada vez fica mais claro que o presidente quer colocar o lucro
de bancos e megaempresários acima da vida de milhares de brasileiros. Ou seja,
em seu discurso ele deixa claro que quer que os trabalhadores dêem a vida em
nome do lucro dos patrões.

Além de ser ineficaz no combate à pandemia, Bolsonaro ainda
ataca aqueles que tentam adotar medidas de controle.

E o pior é perceber que esse discurso – por mais absurdo que
seja – ainda ressoa nos seus apoiadores mais radicais, que querem justificar o
injustificável. Por isso, é momento de nos posicionarmos e mostrarmos a
solidariedade da classe trabalhadora.

O
primeiro passo para isso é desconstruir esse discurso criminoso e recheado de
mentiras.
Além disso, é preciso exigir do governo as medidas econômicas
necessárias para proteger os trabalhadores, em vez de querer que a classe
trabalhadora arque sozinha com todas as consequências da pandemia.

Proteção do grupo de
risco

O que Bolsonaro disse:

“O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o
das pessoas acima dos 60 anos. Então, por que fechar escolas? Raros são os
casos fatais de pessoas sãs, com menos de 40 anos de idade. 90% de nós não
teremos qualquer manifestação caso se contamine”.

Mas, na verdade:

Reduzir o
contato social é a maneira mais efetiva de proteger o grupo de risco. Afinal, o
que adianta os idosos ficarem em casa para depois receberem visitas das
crianças que estiveram em contato com várias pessoas nas escolas e que podem
ser portadores do vírus, mesmo que não apresentem sintoma?

Também não dá pra considerar que as pessoas abaixo de 40 anos
não corram riscos. Embora o percentual de casos fatais nessa faixa etária seja
bem menor, ainda há muitos jovens que, mesmo tento boa saúde, precisam de
terapia intensiva e de respiradores mecânicos. Com o sistema de saúde
sobrecarregado, como garantir o atendimento a todos?

Demora em agir

O que Bolsonaro disse:

“Desde
quando resgatamos nossos irmãos em Wuhan, na China (…) começamos a nos preparar
para enfrentar o Coronavírus, pois sabíamos que mais cedo ou mais tarde ele
chegaria ao Brasil.”

Mas, na verdade:

O Brasil demorou a se preparar e sentimos as consequências.

Nós fomos o último grande país a ser afetado pela pandemia.
Mas, isso não foi suficiente para que houvesse preparação e controle do avanço
do vírus. A ineficácia de controle fez com que o vírus chegasse junto com
passageiros de voos internacionais.

Enquanto isso, o sistema de saúde não se preparou com EPIs e
testes para detecção do vírus. É o caso também de Curitiba, que ainda se mostra
desorganizada, com falhas na distribuição dos equipamentos necessários para as
equipes de saúde.

Desemprego

O que Bolsonaro disse:

“O que tínhamos que conter naquele momento era o pânico, a
histeria. E, ao mesmo tempo, traçar a estratégia para salvar vidas e evitar o
desemprego em massa.”

Mas, na verdade:

Com ou
sem a crise do Coronavírus, o governo Bolsonaro se mostrava incompetente na
retomada dos empregos. O Brasil bateu o recorde de trabalhadores
informais: quatro entre dez trabalhadores têm empregos informais, sem qualquer
garantia. Além disso, para aqueles que ainda têm carteira assinada, o governo
federal tem realizado um plano nefasto de retirada de direitos. Agora, com a
pandemia, quer que eles paguem a conta, com redução de salários e facilidade
para suspensão de contratos.

Nosso caso não é
diferente da Itália

O que Bolsonaro disse:

“Grande parte dos meios de comunicação foram na
contramão. Espalharam exatamente a sensação de pavor, tendo como carro chefe o
anúncio de um grande número de vítimas na Itália, um país com grande número de
idosos e com um clima totalmente diferente do nosso.”

Mas, na verdade:

O fato
climático não tem se mostrado um empecilho para o rápido avanço da doença. E,
com tamanha irresponsabilidade do governo, projeções estatísticas com base no
desenvolvimento do Coronavírus por aqui mostram que os casos no Brasil podem
seguir um caminho parecido – ou até mesmo pior que o da Itália.

Histórico de atleta não
garante proteção contra o Coronavírus

O que Bolsonaro disse:

“No meu
caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo
vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quando muito,
acometido de uma gripezinha ou resfriadinho.”

Mas na verdade:

Bolsonaro tem 65 anos e faz parte do grupo de risco, como
todas as pessoas com 60 anos ou mais, mesmo aquelas sem qualquer doença
crônica. Ter praticado exercícios ao longo da vida contribui para uma velhice
mais saudável, mas não protege de infecções, especialmente por se tratar de um
novo vírus para a qual o corpo ainda não possui anticorpos.

Isolamento social ainda
é a melhor forma de evitar a propagação acelerada do vírus

O que Bolsonaro disse:

“O sustento das famílias deve ser preservado. Devemos, sim,
voltar à normalidade. Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem
abandonar o conceito de terra arrasada, como proibição de transporte, fechamento
de comércio e confinamento em massa.”

Mas na verdade:

A declaração de Bolsonaro contraria a Organização Mundial da
Saúde (OMS), que orientou os países a fechar locais, como museus e cinemas, e a
cancelar eventos esportivos, culturais e outras atividades que reúnam pessoas. Além disso, a declaração critica
estados e municípios que tomaram a dianteira no combate a propagação do vírus,
enquanto o governo federal se isenta da responsabilidade de garantir a
manutenção dos empregos e da renda nesse período de incertezas.

Uso da cloroquina no tratamento do Coronavírus ainda não tem comprovação
científica

O que Bolsonaro disse:

“O FDA
americano e o Hospital Albert Einsten, em São Paulo, buscam a comprovação da
eficácia da cloroquina no tratamento do Covid-19. Nosso governo tem recebido
notícias positivas sobre este remédio fabricado no Brasil e largamente
utilizado no combate à malária, lúpus e artrite.”

Mas na verdade:

Ainda não
há comprovação científica dos benefícios da cloroquina, remédio contra malária
e doenças autoimunes, no tratamento do Covid-19. Foram feitos poucos testes até
agora, com um número pequeno de pacientes. Declarações como a do presidente
Bolsonaro tem feito com que muitas pessoas usassem o medicamento de maneira
irresponsável, o que causou o desabastecimento em farmácias.

Desmonte da pesquisa

O que Bolsonaro diz:

“Acredito em Deus, que capacitará cientistas e pesquisadores
do Brasil e do mundo na cura desta doença.”

Mas, na verdade:

Bolsonaro
quer fugir da responsabilidade sobre a destruição que o seu governo tem feito
na pesquisa e na ciência no Brasil. No ano passado, os cortes de orçamentos das
universidades federais – que são responsáveis pela maioria das pesquisas no
país – provocou a desestabilização e aumentou as incertezas na área. Agora,
mesmo durante a pandemia, novos cortes foram feitos na distribuição de bolsas
de pesquisa.

Mas, e a economia?

O momento em vivemos é grave, talvez uma crise sem
precedentes, e que, terá muitos impactos econômicos. Só que a crise econômica
não pode ser combatida sacrificando milhares de vidas. É papel do governo
adotar medidas contra essa crise. Está na hora de deixar de favorecer os
banqueiros e grandes empresários, em detrimento do restante da população.

Nós não
seremos cúmplices do discurso genocida do presidente. Por
isso, seguimos firmes na luta em defesa da saúde e da vida de toda a população,
cobrando e exigindo que os governos deem respostas econômicas
efetivas para proteger a classe trabalhadora no momento de crise.

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